Informação que desinforma?

Prezados,

Hoje fui com minha esposa, pela manhã, tomar um café na padaria da esquiana, e após um suco de laranja e uma fatia de bolo de banana fui até a banca mais próxima e me deparo com a seguinte notícia no JORNAL DO BRASIL:

"O PODEROSO ARMAMENTO DO TRÁFICO CARIOCA

A PM não têm suficiente poder de fogo para enfrentar o narcotráfico. Os criminosos contam com oito tipos de fuzis ultramodernos e submetralhadoras. A tropa de elite dispõe de dois tipos de fuzis. Em 12 dias de confronto entre a polícia e os traficantes no Complexo do Alemão, o número de feridos chega a 51."

Nem pensei 2 vezes, e comprei o jornal para ler sobre a matéria "esclarecedora", e lí o que já esperava ler. Um grande texto, sem muito conteúdo, salvo apenas pelas declarações acertadas do sr. Pinheiro Neto, atual comandante do BOPE.

A reportagem cita que os PM´s do estado usam basicamente os seguintes armamentos:

Os Fuzis IMBEL MD 97 de calibre 5.56 (ou 233 Remington)
Pistola Taurus .40
Pistola Taurus 9mm
Revolver Smith & Wesson .357
Revolver Taurus 38

A reportagem cita o que os bandidos do estado usam basicamente os seguintes armamentos:

Submetralhadora Israelense UZI 9mm
Fuzil Galil IMI
Fuzil Colt M4
Fuzil Colt AR15
Fuzil Steyr 5.56
Fuzil SigSauer 5.56
Fuzil AK-47
Fuzil HK G3A3
Pistola Glock
Pistola HK
Pistola Desert Eagle
Rifle Browning

ABAIXO PARTE DA REPORTAGEM RETIRADA DO SITE DO TERRA:

Tráfico tem 5 tipos de fuzil a mais que a polícia

Breno Costa e Carolina Benevides

Em 1988, quase 20 anos atrás, uma nova arma desembarcou no Rio de Janeiro. Centenas de tiros por minuto, balas com alto poder destrutivo, era uma novidade. A cidade era apresentada ao fuzil de assalto. O primeiro a fazer um disparo com ele foi o traficante Naldo da Rocinha - o Tota da época. A polícia só conseguiu ter as armas seis anos depois, como lembra o ex-comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), coronel Mário Sérgio Duarte.

Hoje são essas armas que decidem tomadas e retomadas de favelas e que já levaram às emergências dos hospitais do Rio dezenas de inocentes somente este ano, vítimas de suas balas perdidas. » Leia mais notícias da agência JB Em um mercado de transações que, segundo o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas, atingiram a espantosa cifra de R$ 180 milhões entre 1993 e 2003, as favelas do Rio, 20 anos depois, viraram estoque de arsenais de guerra.

A polícia, tendo de seguir o mercado legal e as regras dos procedimentos licitatórios do poder público, ficou para trás. Tropa de elite da PM, presente nas operações mais complicadas, o Bope conta hoje com fuzis FAL 762 e 556, de origem belga, e Colt M16, fabricado nos EUA, além de granadas de efeito moral e explosivos. O armamento parece ínfimo, se comparado com o catálogo em poder do tráfico: só de fuzis, são oito tipos, além de submetralhadoras Uzi e explosivos. O atual comandante do Bope, tenente-coronel Pinheiro Neto, diz que sua tropa tem condições, hoje, de enfrentar o tráfico. Descarta comparações entre forças legais e ilegais, mas admite que o principal desafio da unidade de elite para os próximos 10 anos no combate ao narcotráfico é reequipar-se, adquirindo novas armas. "Precisamos nos reequipar tanto em termos de armamento, quanto de comunicação e de sistemas de inteligência. Hoje, o principal armamento do Bope é o homem. Pode ter o fuzil que for, tem de saber usar", diz Pinheiro Neto, que informa que um projeto de renovação do armamento do Bope já foi apresentado à Secretaria de Segurança e inclui a compra de um fuzil capaz de destruir barricadas montadas pelo tráfico. Os quatro veículos blindados do Bope também servem como armas e são um dos maiores obstáculos do tráfico. Pinheiro Neto diz que o trabalho realizado pelo Bope poderia ser feito mesmo sem o caveirão. É bom, pois o tráfico já tem em seu poder armas anti-tanque capazes de explodir os blindados."

Eles citam que o BOPE (Força de Elite) usam fuzis FAL (tanto na versão 7.62 quanto na versão 5.56) e COlt M16. Além do armamento, eles têm um apoio do carro blindado Pacificador, apelidado "carinhosamente" de Caveirão.
De qualquer forma, o BOPE -aparentemente- dispõe de "melhores" armamentos que os PM´s, porém, é uma inverdade dizer que os PM´s usam "apenas" os fuzis IMBEL MD97.

É claro que a PM BRASILEIRA (e não apenas do RJ) carece de muito mais do que "apenas" equipamento. Ela precisa de mais respeito, mais treinamento, melhores salários, mais apoio da população, mais policiais honestos...enfim, isso é chover no molhado.

Quando vejo uma reportagem como essa, não entendo exatamente onde o jornalista quer chegar, porque "comparar armas por comparar" geram comentários do tipo:

"Você viu ontem? Os bandidos têm mais de 5 tipos diferentes de fuzis, e a PM apenas 2", como se isso fosse fazer diferença REAL na hora do combate.

Na hora H, do dia D, a diferença vai se fazer não APENAS com armamento X ou Y, mas com inteligência, tática e operacionalidade da força, ou seja, a diferença é exatamente a que negritei no texto da reportagem acima, o soldado e seu treinamento.
Na grande maioria das vezes, é o calibre 5.56 que está presente (excetuando o FAL 7,62x51mm , e o AK-47 que é 7.62x39mm) e independente da "fabricante" a maioria desses fuzis "calçam" a mesma munição.

Vale ressaltar também, que toda e qualquer força armada LEGAL do mundo, escolhe seus equipamentos, e o padronizam para que toda força possa utilizá-los.
Exemplo é o FAL para o Exército Brasileiro e a MP5 9mm para a Polícia Federal, ou seja, não é a "diversidade" -novamente- que vai fazer a diferença.

Essas reportagens sobre "armamentos" -na minha opinião- acabam não "fedendo nem cheirando" para a grande maioria da população, afinal não esclarecem nada, além de levar "informação que desinforma", jogando o fato e não criando um norte nem formando opinião.

PM usando fuzis COLT M4

Soldado do BOPE usando HK G3 com mira telescópica (em primeiro plano)

Até a próxima!